Quem é quem – Joviles Vitório Trevisol

Chapecó – Filho de pequenos produtores rurais, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Joviles Vitório Trevisol, relata, no espaço “Quem é quem”, o que o levou a aceitar o desafio na instituição e do trabalho que vem sendo realizado.

Joviles é Pós-Doutor em Sociologia pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (2006) sob a supervisão do sociólogo Boaventura de Sousa Santos. O professor é doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (2000), mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995), especialista em Filosofia Política pela Universidade de Ijuí (1993) e graduado (Licenciatura) em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Dom Bosco (1990).

Atuou como professor da educação básica (1990-1992) e do ensino superior em várias universidades: Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Universidade do Contestado (UnC) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Na Unoesc exerceu suas principais atividades acadêmicas e de gestão: foi coordenador da Editora Unoesc, coordenador de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão, coordenador do Programa de Mestrado em Educação.

Além disso, foi líder de grupo de pesquisa, coordenador de inúmeros projetos de pesquisa, membro de várias redes e fóruns nacionais, parecerista de periódicos e de eventos, autor de vários livros e artigos científicos.

O que fez com que o Sr. aceitasse o desafio de ser Pró-Reitor da UFFS?

Recebi o convite do nosso Reitor com muita alegria. Sou grato ao professor Dilvo e a todos os que apoiaram o meu nome. Não esperava e nem pretendia exercer essa função.

Há vinte anos estou na universidade e nesses anos desenvolvi muitas atividades de docência, pesquisa e extensão, assim como, inúmeras funções no campo da gestão universitária, inclusive a de Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. Fiz o concurso para a UFFS com o propósito de dedicar-me menos à gestão e mais às atividades acadêmicas propriamente ditas, especialmente a pesquisa. O convite me fez rever e adiar alguns projetos.

Aceitei o convite para exercer essa função porque acredito no projeto que a UFFS se propõe a realizar. Identifico-me com a proposta e sinto-me em condições de contribuir na construção dessa universidade. É a primeira universidade pública federal em nossa região e sei que estou ajudando a materializar um sonho/projeto que foi alimentado por muitas e muitas pessoas, organizações e movimentos sociais ao longo das últimas quatro décadas.

Estou me dedicando integralmente a UFFS porque essa universidade faz muito sentido para mim e para muitas famílias e jovens. Conheço bem as dificuldades que os pais enfrentam cotidianamente, sobretudo os mais excluídos, para assegurar a seus filhos o acesso à educação básica e, especialmente, ao ensino superior.

Também sou filho de pequenos produtores rurais. Saí de casa aos 13 anos de idade para estudar. Do ensino fundamental ao pós-doutorado morei em 12 diferentes cidades. A UFFS é um projeto que vai muito além de cada um de nós e de nossa geração. O compromisso com a sua construção deve ser permanente.

Como o Sr. avalia esses primeiros meses de funcionamento da universidade e as primeiras atividades da instituição?

Avançamos muito. Quando chegamos tudo estava para ser feito. Passados alguns meses, muita coisa continua em aberto. Uma universidade nunca está concluída. Tenho muita clareza do papel que cabe ao primeiro grupo de docentes e servidores técnico-administrativos que ingressaram na UFFS a partir de 2010.

Estamos organizando tudo: a infra-estrutura, as pessoas, os processos e os fluxos. Alguns avanços são dignos de comemoração. Os 42 cursos de graduação estão funcionando e os seus PPPs estão organizados; o estatuto da universidade está em fase de aprovação; os principais setores estão estruturados e ganhando organicidade; as políticas de ensino, pesquisa e extensão estão sendo discutidas/definidas por meio de uma ampla Conferência de Ensino, Pesquisa e Extensão – COEPE. Entendo que o principal desafio nesse momento é trabalhar/dialogar com as pessoas, para que elas percebam com clareza o que a UFFS espera delas e, na mesma ordem de importância, o que elas esperam de si mesmas, fazendo parte da UFFS.

O encontro e a simbiose desses dois feixes de expectativas é a base para a construção das identidades, tanto individual, quanto institucional. Como os docentes e os técnicos vem de lugares tão diferentes, também carregam consigo diferentes saberes, experiências e expectativas. O desafio é fazer com que essa diversidade dialogue e não se exclua, permitindo transformá-la em ações concretas que nos identifiquem e nos façam sentir pertencentes de um coletivo maior. A construção da identidade da UFFS é algo muito importante. Hoje a UFFS é parte de nossas vidas. O sucesso dela será, também, o sucesso de cada um de nós.

O que a comunidade regional pode esperar da pesquisa, da pós-graduação, da extensão e da cultura?

Temos ações concretas em execução, outras a serem desenvolvidas nesse ano e no próximo. Nesse momento estamos completamente envolvidos na realização da I Conferência de Ensino, Pesquisa e Extensão – COEPE da UFFS. Decidimos realizar um grande diálogo com a comunidade regional e acadêmica, por meio de uma conferência, com o intuito de definir as políticas e as ações prioritárias da UFFS.

A COEPE foi minuciosamente concebida, a fim de assegurar a participação de todos os campi e das regiões onde estão inseridos. Finalizada a COEPE várias ações serão implementadas, entre as quais: (i) organização e estruturação dos grupos e das linhas de pesquisa da instituição; (ii) elaboração e aprovação dos primeiros projetos de cursos de especialização; (iii) elaboração dos primeiros quatro projetos de mestrado; (iv) elaboração das minutas das políticas de pesquisa, pós-graduação e extensão da UFFS; (v) definição das linhas prioritárias da extensão e elaboração dos projetos; (vi) definição de uma política para criação de periódicos científicos. Aos poucos vamos construindo a excelência acadêmica nas três áreas fim de nossa universidade: o ensino, a pesquisa e a extensão.

junho 30, 2010   Publicado em: Notícias