Quem é quem – José Alex Sant’Anna

Experiente na participação da implantação de outra universidade, o pró-reitor de Planejamento, José Alex Sant’Anna, traz seu conhecimento para a UFFS.
Graduado em Licenciatura em Matemática e Matemática Aplicada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1971), o professor também é especialista em Negociadores de Transferência de Tecnologia pela Fundação Getúlio Vargas/RJ (1983), mestre em Engenharia Civil Geotecnia e Transportes, pela Universidade Federal da Paraíba (1979), doutor em Engenharia de Transportes, pela Universidade de São Paulo (1997), e pós-doutor na área de Engenharia de Transportes.
Pelo conhecimento na área, é professor convidado da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Desde fevereiro, responde pela pró-reitoria de Planejamento na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

- Como sua experiência na implantação da Universidade Federal do ABC contribui para a implantação da UFFS? Em que há semelhanças e diferenças?

Implantar uma nova Universidade é um grande desafio, principalmente porque não há modelo anterior, dado que as Universidades, historicamente, se desenvolvem lentamente ao longo de anos, iniciando com alguma faculdade e poucos alunos e crescendo até se tornar uma Univerisdade.
A criação e IMPLANTAÇÃO de uma Universidade é algo desafiador. A experiência da UFABC sem dúvida foi importante para meu trabalho atual sobretudo pela segurança de algumas ações, mas as diferenças são muitas. Lá não havia uma tutora, mas tínhamos o orçamento. Aqui temos uma tutora, mas não somos autônomos em termos de orçamento, pelo menos até o fim deste ano. Isso faz toda a diferença. Uma simples passagem tem que ser pedida para a Universidade Federal de Santa Catarina -UFSC, que é a tutora. Ainda bem que o pessoal da UFSC é bastante colaborativo.
Outra grande diferença são os “campi”. Lá só havia a sede e aqui é difícil para o pessoal dos outros campi perceberem nossas dificuldades. Sempre pensam que as dificuldades são só deles e nós temos facilidades.

- Quais os principais desafios na Gestão Pública em universidades?

Como o pessoal é recém concursado e não há experiência prévia no serviço público federal há que se formar as pessoas. Quem termina um curso de administração ou economia viu na faculdade tudo em relação às empresas privadas e quando fez uma disciplina de administração pública ou macro-economia foi apenas para cumprir as horas, pois em geral nem o profesor é do ramo. Normalmente os professores dessas disciplinas só têm prática com a iniciativa privada e nunca trabalharam com o setor público. Nosso pessoal é muito interessado e dedicado, mas falta experiência e temos que transmitir muitos anos de experiência em alguns poucos meses. Esse é o maior desafio.

- Em que momento está o trabalho da Pró-reitoria de Planejamento da UFFS?

Estamos no começo. Até agora estávamos trabalhando na implantação das mínimas condições para o início de funcionamento da Universidade.
O planejamento vai começar agora. A primeira etapa do planejamento está sento encerrada com a conclusão do Estatuto. Só com o estatuto a Universidade adquire personalidade. Ele é a “Constituição” da Universidade. Sempre pensei que deveríamos ter feito de forma diferente: deveríamos ter um Estatuto provisório, por cerca de 15 a 24 meses, e depois faríamos um definitivo, quando os professores já estivessem se ambientado na Universidade e já tivessemos um corpo docente mais completo e um corpo de funcionários mais treinados, mas a opção foi por fazer logo algo mais definitivo.
Com isso, demoramos um pouco para desenvolver outras coisas e poderemos ter dificuldades em breve, por ter um Estatuto que não vai refletir uma posição ao longo do tempo, mas apenas algo do momento. Estamos recebendo novos professores, em um ano eles estarão em igualdade com os atuais, exceto em relação ao Estatuto que não puderam opinar. Ainda não sei como tratar esse tipo de situação. Afinal, todos seremos novatos ainda…
Mas, Estatuto à parte, temos que montar as regras de funcionamento de cada unidade da Universidade, Reitoria, Pró-reitorias, cada Campus, Cursos etc. Temos também o Regimento Geral e o Planjamento Estratégico. Na próxima semana iniciaremos o planejamento estratégico da pró-reitoria de Planejamento e da de Administração, fixando um modelo para as outras e para a Reitoria.

- Planejar já remete a antever. O que se pode projetar para a UFFS em 2011?

2011 será o verdadeiro nascimento da UFFS. Termos um orçamento próprio, Estatuto e as regras básicas dos cursos de graduação. Vamos começar a pós-graduação e a extensão. Os conselhos começarão a funcionar de fato e a Universidade vai realmente tomar “forma”. Agora somos ainda um conjunto de “cursos” em início. Os Campi também começarão a ser estruturados com suas obras em andamento. Começaremos a sair da montagem simples para a esturturação de fato. Penso que ao final de 2012 já teremos forma e “cara” de Universidade com U maiúsculo.
Em 2013 a Universidade provavelmente estará implantada e funcionando. Aí as regras de funcionamento serão provavelmente iguais as da outras Universidades federais e estaremos em pé de igualdade no MEC.
Virão então as eleições para todos os cargos diretivos, inclusive Reitor, e o funcionamento pleno da UFFS. Não seria bom se isso ocorresse antes, pois será quando o corpo docente e os funcionários se tornarão estáveis (termina o estágio probatório de três anos) e a UFFS estará estruturada, com graduação, pós-graduação (mestrados e doutorados) e atividades de extensão consolidados.

José Alex Sant'Anna é pró-reitor de Planejamento da UFFS

julho 22, 2010   Publicado em: Notícias