Discussão envolve identidade e direitos indígenas

“Identidades emergentes: as etnias e o autoreconhecimento indígena no Rio Grande do Sul”. Esse foi o tema tratado pela arqueóloga da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), Vanderlise Machado Barão, com os alunos dos cursos de Licenciatura em História e Sociologia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Erechim, nos dias 14 e 15.
Vanderlise abordou a importância do respeito à identidade indígena, o preconceito sofrido pelos índios na sociedade brasileira e o problema da desestruturação social. Segundo ela, os problemas ocorrem em virtude do processo histórico de marginalização destas sociedades dentro do Estado Nacional.
Segundo a arqueóloga, “a partir da Constituição Federal de 1988, em seu art. 231, o qual reconhece as identidades indígenas, iniciou-se uma lenta e gradativa conquista do espaço do índio e o seu reconhecimento como parte integrante e ativa dessa sociedade. Apesar disso, muitos índios continuam limitados à sobrevivência em meio a uma sociedade que insiste em negar a sua condição de cidadãos”. Ela defendeu as ações afirmativas, o direito social da propriedade e as políticas indigenistas.
Outra questão discutida foi a forma como os índios são retratados nos livros didáticos, os quais, na maioria das vezes, colaboram para que esse preconceito e discriminação se perpetuem. A arqueóloga insistiu na importância da formação de professores para que possam entender as diferenças culturais entre brancos e índios, mas ao mesmo tempo sejam capazes de tratá-los como iguais.
Durante a atividade, os participantes também assistiram e debateram o documentário “Perambulantes”. O filme retrata a realidade de algumas comunidades indígenas situadas em Porto Alegre, a luta pela sobrevivência e pelos direitos ligados à cultura e ao reconhecimento da identidade.
O coordenador do curso de História da UFFS – campus Erechim, Gerson Wasen Fraga, ressalta a importância dos debates para os alunos: “a atividade teve a intenção de oportunizar aos alunos o contato com uma pesquisa desenvolvida junto a populações de baixa visibilidade na sociedade gaúcha, mas que tem a inserção de sua História assegurada nos programas de ensino a partir da instituição da Lei 11.645, de 10 de março de 2008. Além disto, procuramos, desde cedo, despertar os futuros professores para a necessidade de um trabalho calcado na promoção da igualdade e do respeito às diferenças sócio-culturais”.
Para a acadêmica do curso de História, Margarete Czechowski, a palestra ajudou a mudar a concepção sobre os povos indígenas, contribuindo na diminuição do preconceito que a sociedade cultiva. “Como futuros professores, é imprescindível que ajudemos a quebrar essa corrente preconceituosa”.

julho 20, 2010   Publicado em: Notícias