UFFS debate democracia e eleições
Erechim – Na noite de 29 de setembro, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Erechim, realizou um debate com o tema “democracia e eleições”. O mesmo foi promovido pelo curso de Sociologia e contou com a participação de alunos dos diversos cursos e professores da instituição, além de outros interessados no assunto. O evento teve como objetivo discutir o processo democrático e eleitoral no Brasil nos últimos vinte anos, e estabelecer algumas aproximações entre as diferentes perspectivas trabalhadas na Ciência Política sobre estas questões. Para o professor da UFFS, Cleber Ori Cuti Martins, que mediou o debate, “a temática é fundamental para compreendermos e analisarmos a organização política da sociedade brasileira”.
O processo democrático brasileiro, desde o final da década de 1980, foi tratado a partir de duas abordagens. A primeira, apresentada pelo professor de Sociologia da UFFS – Campus Chapecó, Danilo Martuscelli, estabeleceu uma perspectiva analítica sustentada na teoria marxista. O professor ressaltou que o processo político incorpora as relações entre economia e classe social. Em decorrência dessa visão, entende-se a democracia como algo que está para além dos chamados procedimentos democráticos, ou seja, das eleições, da competição entre partidos etc.
Segundo Martuscelli, a democracia no Brasil tem várias limitações, especialmente em termos de representação política da população, em um contexto que gera apatia, desinteresse e baixa participação política, exceto nos processos eleitorais. “O desinteresse pela política em nossa sociedade não é inerente a todos os cidadãos, mas é efeito de um mecanismo estrutural”, afirmou o professor.
Outra abordagem, feita pela professora do Centro Universitário Ritter dos Reis, Patrícia Cunha, analisou a democracia e os processos eleitorais no Brasil contemporâneo levando em conta a tradição política do país. Ela identificou problemas como: a ocorrência de períodos autoritários, processos decisórios centralizados, clientelismos e personalismos políticos. Aliado a outros fatores, esses elementos contribuíram para o fortalecimento de uma cultura política que não tem clara a definição, o tipo de democracia que se quer, nem os caminhos para construí-la.
“Depois de duas décadas de redemocratização, constata-se a insatisfação dos cidadãos brasileiros com a democracia existente. De uma maneira geral, nos últimos anos, as pesquisas de opinião pública têm revelado um declínio acentuado da confiança que os brasileiros depositam nas instituições políticas e, principalmente, nos partidos políticos. Nota-se também uma fragilização dos laços sociais e a institucionalização do individualismo, onde os interesses privados e individuais se sobrepõem aos interesses coletivos”, declarou Patrícia.
As duas perspectivas apresentadas no debate apontaram as limitações do processo democrático e eleitoral brasileiro, especificamente na questão da representação e da participação. Para a professora da Uniritter, “mesmo que, em termos formais e institucionais, a democracia esteja consolidada no país, existe um conjunto de questões ainda abertas. Dependendo da abordagem teórica utilizada na análise, estas lacunas podem ser entendidas como obstáculos para a efetiva democratização”, conclui Patrícia Cunha.
ainda abertas. Dependendo da abordagem teórica utilizada na análise, estas lacunas podem ser entendidas como obstáculos para a efetiva democratização”, conclui Patrícia Cunha.
outubro 8, 2010 Publicado em: Notícias