Colóquio de Filosofia movimentou campus de Erechim
Erechim – Na noite do dia 21 de outubro, quinta-feira, ocorreu no auditório do campus Erechim da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) o I Colóquio de Filosofia.
A partir das 15horas foi aberto espaço para a apresentação de trabalhos. Essa iniciativa de criar um espaço para a comunicação de trabalhos de docentes, discentes e da comunidade externa visou proporcionar um espaço de iniciação científica para os acadêmicos, bem como oportunizar aos bolsistas da UFFS a possibilidade de apresentar o resultado inicial e o direcionamento de suas pesquisas que se encontram em andamento.
As temáticas escolhidas para este I Colóquio de Filosofia da UFFS, que teve etapa em chapecó no dia 22, abrangeu temas sobre a filosofia antiga e medieval, já que os acadêmicos que ingressaram no primeiro semestre de oferecimento do Curso já tiveram contato com questões destes períodos.
À noite estiveram presentes acadêmicos do curso de Filosofia dos campi de Erechim e de Chapecó com o objetivo de promover a integração entre os docentes e acadêmicos dos dois campi.
Em sua fala de abertura, o diretor do campus Erechim, Ilton Benoni da Silva, disse que “o projeto da universidade já reserva um lugar privilegiado para a filosofia, criando dois cursos de graduação, ou duas possibilidades de acesso em dois Campi, sendo que foram poucos os cursos de filosofia criados no país nos últimos anos, e essa universidade abre, com o curso de filosofia, um cenário futuro muito próximo para essa área. Temos vários compromissos com a volta da filosofia e da sociologia ao Ensino Médio”.
Conforme o coordenador do curso de Licenciatura em Filosofia do campus Chapecó, Maurício Bozatski, “é uma estrutura multi-campi, mas é um curso, uma universidade, e devemos fazer esses diálogos sempre, constantemente, essa é a nossa busca. E o desafio da filosofia não é pequeno. A filosofia nasce aqui ousada na UFFS. Temos 150 vagas numa região de 200 Km”.
Em uma das palestras da noite, o professor Márcio Soares, da UFFS, falou sobre “Ética e Ontologia de Platão”. Em sua explanação, falou que “a teoria das ideias visa responder três perguntas: Como se explica a realidade das coisas sensíveis, nesse sentido ela se constrói como ontologia, uma teoria da realidade; o que podemos com certeza conhecer, nesse sentido ela é uma epistemologia ou uma teoria do conhecimento; e o que e como nossa linguagem pode escrever e descrever, nesse sentido ela é uma lógica. Vejam como Platão se apresenta como um filósofo sistemático: eu só consigo explicar o conhecimento e a linguagem que descreve a realidade e o próprio conhecimento que tenho, se essas explicações estiverem em profunda implicação com a própria realidade. Não há uma separação entre lógica, ontologia, epistemologia. Por isso é comum encontrar Platão, tanto nessa fase das ideias quanto na última fase, sempre conectado ao tratamento da realidade, o tratamento do problema do conhecimento e o tratamento da linguagem. Há uma tese que diz que isso constitui o modelo teórico dialético, que vai se repetir em outros momentos da história da filosofia. O dualismo ontológico descreve duas realidades: a realidade das ideias que são metafísico e a realidade das coisas sensíveis, que são físicas. Então, volta-se a dialética: ontologia, epistemologia e lógica estão sistematicamente imbricadas na filosofia platônica, compondo um único núcleo teórico que justifica a filosofia ética e política platônica, segundo o modelo “A República”, o que nos permite denominar tal filosofia de dialética. Imagem da Caverna: Descrição do processo pedagógico para Platão: consiste em pegar o sujeito e arrastá-lo, desde o seu senso comum que representa o fundo da caverna, para fora da caverna, e uma vez lá fora ele vai contemplar as coisas que realmente existem. E ele precisa fazer um processo de adaptação, ele precisa primeiro olhar para a sombra das coisas, depois para reflexos produzidos em espelhos, águas etc, depois para a luz das coisas, depois para a luz das estrelas e por fim ele olha para o sol, só por fim. Para sintetizar a história, o mundo superior da caverna representa o mundo das ideias, a esfera metafísica; o sol representa o bem; o mundo interno da caverna representa o mundo sensível. O que representa as coisas são os objetos carregados pelos transportadores. As sombras representam, muito provavelmente falsas imagens das coisas”.
Na outra palestra da noite, o professor Juliano Paccos Caram, também da UFFS, fez um apanhado sobre “A função dos desejos na ascese erótica do Banquete de Platão”: “eu vou procurar abordar o problema da relação amor, desejo e se possível a dimensão da falta no diálogo do Banquete de Platão. O desejo físico, psíquico e intelectual não se exclui naquilo que Sócrates chama verdadeira essência de Eros. O físico vai ser importante na discussão do Banquete, mas antes esse desejo físico, psíquico e intelectual são dimensões dum mesmo desejo que se unem para que o amor execute aquilo de que é amor, isto é, conduzir a alma degrau por degrau a descoberta do belo. É necessário ensinar o amor a um belo corpo, em seguida para os belos corpos, assim sucessivamente até se alcançar a natureza do próprio belo. O que impulsionaria a nossa alma, a alma humana nessa dialética ascendente? A sacerdotisa coloca que é necessário amar o belo corpo, amar os belos corpos, as artes, os ofícios e assim até se chegar a forma ou ideia do belo. O amor não seria um desejo qualquer, e sim uma tentativa de se fundir a pessoa amada, de voltar a ser um só”.
outubro 28, 2010 Publicado em: Notícias