Debates na primeira semana de aulas em Erechim

Erechim – Construir cidades mais saudáveis e sustentáveis capazes de garantir melhor qualidade de vida. Esse foi o enfoque principal do debate realizado na sexta feira, 20, na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Erechim. Participaram alunos dos cursos de Agronomia, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Também estiveram presentes professores e técnico-administrativos da UFFS. Para falar sobre o tema, foi convidado o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), engenheiro civil e agrônomo, Miguel Sattler.
Sattler mostrou a necessidade de priorizar alternativas locais em vários setores. Disse, por exemplo, que gastamos muita energia com transporte. Citou o caso de Porto Alegre, onde 58% de toda energia é consumida no setor de transportes. Já nos Estados Unidos, a distância percorrida pelos produtos entre a sua produção e o seu consumo, em geral, oscila entre 2.500 km e 4.000 Km. Diante desse fato, o professor da UFRGS enfatizou que “a solução sustentável não está em produzir mais energia, mas em racionalizar o seu uso”. Ele apontou ainda que a lógica consumista vigente é totalmente insustentável. “Se todas as pessoas do mundo consumissem tanto quanto a população dos Estados Unidos, seriam necessários mais cinco planetas Terra para dar conta das demandas”, analisou Miguel Sattler.
Falando de construções, Sattler defendeu a importância de optar por formas que são milenares e que garantem conforto térmico, economia energética, funcionalidade, preservação do meio ambiente e baixo custo. Segundo ele, “sustentabilidade consiste em viver dentro da capacidade de suporte do planeta e desenvolvimento saudável é aquele que leva para a sustentabilidade”. Depois acrescentou: “um planeta saudável exige seres humanos saudáveis no aspecto físico, mental, emocional e espiritual”.
O professor da UFFS, Dilermando da Silveira, um dos debatedores, observou que nunca se destruiu tanto a natureza como agora, num momento em que mais se insiste em preservá-la. Destacando esse paradoxo que vivemos, também problematizou a ideia de sustentabilidade e argumentou que “quando se fala de crise ambiental, o que ocorre, na verdade é uma crise do que nós pensamos sobre o ambiente”. Citando o economista mexicano Enrique Leff, disse que estamos atravessando uma crise de civilização e que precisamos superar a racionalidade colonial que vê a natureza como uma simples mercadoria. Dilermando defendeu a gestão comunitária dos recursos e dos espaços.
Os alunos consideraram as análises, os questionamentos dos participantes e os debates bastante produtivos. Elis Frantz, 18, do curso de Arquitetura e Urbanismo relatou que “a palestra oportunizou uma ampla reflexão do que nós, enquanto futuros profissionais, poderemos contribuir para a qualidade de vida da população de Erechim e região”. Cleomar Sachini, 30, do curso de Agronomia considera esses momentos extremamente importantes. Eles “agregam conhecimento e expandem nosso entendimento. Além disso, nos motivam a conhecer e pesquisar outros autores que são citados durante as falas”, disse Cleomar.

Miguel Sattler é doutor em Ciências Ambientais pela University of Sheffield (Inglaterra) e professor de pós-graduação em Engenharia Civil na UFRGS

Ação social e projetos culturais

Com o objetivo de desenvolver, na comunidade acadêmica, o interesse pela produção e participação em atividades sócio-culturais, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Erechim, realizou debate na noite de quarta feira, 18. O evento, que teve a presença de professores e alunos dos oito cursos em funcionamento no campus, fez parte da programação de início do segundo semestre letivo.
As discussões foram desencadeadas a partir do documentário “Maria e suas dores, Marias e Mariana: Caminhos de Alphonsus de Guimaraens”. Baseado na obra literária do poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens, o documentário discute o panorama político-cultural do país na passagem do século XIX para o XX e narra seus dramas íntimos. De acordo com o professor da UFFS, Rodrigo Manoel da Silva, “o filme estimula a capacidade artística e intelectual para compreender os sentidos das palavras e aguçar o senso crítico sobre a realidade”.
Apoiado em pensadores como Max Weber, Georg Simmel, Alfred Schutz e Clefford Geertz, o professor Rodrigo refletiu sobre questões sociais e culturais da atualidade. Enfatizou que “os indivíduos produzem sentido para suas ações a partir dos projetos culturais que desenvolvem”. Segundo ele, “a ação humana é constituída por dimensões simbólicas, que não nos afastam dos dilemas existenciais da vida pessoal e social, mas podem dar sentido a eles”.

Debates fizeram parte das atividades de início do segundo semestre letivo no campus de Erechim

agosto 24, 2010   Publicado em: Notícias